A pandemia de COVID-19 acentuou as desigualdades sociais e deixou clara a necessidade de um Serviço Público de qualidade para assistir à população. Como país chegando aos 20.047 mortos e 310.087 infectados, os Servidores Públicos estão na linha de frente do combate à doença. Mesmo nesse contexto, os Servidores têm sofrido ataques proferidos por membros do Governo de Jair Bolsonaro.
Para debater as bravatas contra os Servidores Públicos, o portal Congresso em Foco, em parceria com a Febrafite,promoveu uma live com os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ) e Professor Israel (PV-DF), o presidente da Febrafite e vice-presidente do Fonacate, Rodrigo Spada, a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli e o advogado Cláudio Renato do Canto Farág.
Com apresentação da jornalista e assessora de imprensa da AFFEMG, Raquel Capanema, o tom do debate foi bastante crítico à fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, que chamou os Servidores de parasitas.
“Vivemos um momento de bullying institucional no Brasil. Um ataque contra os Servidores”,disse Professor Israel. Para Molon, o governo Bolsonaro demonstra insensibilidade. “Tem uma visão preconceituosa com os Servidores, sem se lembrar que médicos, policiais, garis e enfermeiros são Servidores e acabam se expondo ao vírus”, apontou o deputado.
Durante o debate,os convidados afirmaram que há uma “narrativa fascista e ideológica” por parte do governo contra o funcionalismo. Maria Lucia reforçou que o posicionamento público do ministro é condenável e que é fundamental uma retratação. Nesse sentido, Cláudio Farág disse que já há ações indenizatórias contra Guedes.Segundo o advogado, o objetivo é frear suas falas. Além disso, outras ações são movidas contra o ministro. Uma delas partindo do PV e outra de seis entidades do fisco.
Iniciativa privada
Maria Lucia subiu o tom das críticas ao governo e advertiu que a pandemia “escancarou o privilégio dos bancos”. A coordenadora da Auditoria Cidadã lembrou que o Banco Central injetou liquidez nos bancos para que pudessem fazer empréstimo às empresas eque aumentaram as taxas de juros. “Isso é que é ser parasita”, alfinetou em referência à fala de Guedes.
“Vamos ver a dívida pública aumentar sem contrapartida. Virá mais arrocho em cima do trabalhador e privatizações", apontou Maria Lucia em crítica à PEC 10, que institui regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento da calamidade pública nacional decorrente de pandemia.
Rodrigo Spada chamou atenção para a necessidade de se criar uma política fiscal expansionista. “O Estado tem de trazer recursos e amparar os desassistidos.E não atacar ou desmoralizar os Servidores.”
Para o presidente da Febrafite, os Estados Unidos “acabaram com Sistema Público de saúde e apresentam péssimos resultados no enfrentamento à pandemia. É um exemplo de que precisamos do Serviço Público para evitar o 'cada um por si'”.
Ainda mais contundente, deputado Israel afirmou que “a deterioração do estado brasileiro é uma política, uma estratégia de governo. Há intenção de transferir a estrutura pública para o setor privado. Esse governo tem patrão e não é o povo brasileiro.”